segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Páscoa e chocolate

Ah, os chocolates!
Comi já muito da Kopenhagen.
Todos uma delícia!
Meus preferidos puro chocolate:
Os que avelã é o recheio...
Outro meio-amargo escuro.
Que o diga minha atrevida barriga!
Não sei quanto ainda a natureza ajuda,
Ou se já há mudanças no futuro.
O sol, à francesa taciturno,
Entre densas nuvens,
Levou o calor e a luz.
Nem saudou o dia
Surpreso pela chuva.
A terra sedenta e muda,
Bem agradece ao céu escuro.
Gosto do sol, mas não ligo.
Olho pela janela sem camisa,
Vejo flores de cores vivas
Em verdes ramos já mais verdes,
Curvados com chuva.
Dos insetos em revoada,
Alegres, festejam bem-te-vis.
Uma bola estronda ao pé do muro!
São crianças brincando,
Molhadas...Rio de suas risadas
Correndo pela chuva!
Doce e súbita é a lembrança
Do tempo ido que não cansa.
Quão árida deve ser a cidade,
Sem praças...Sem verde...
Sem pássaros...Riso de crianças!
O que ora entristece a gente:
Sempre de sem tetos uma notícia.
Sem ser piegas ou maçante,
Por receio e resoluto,
Que oitava economia, dizem,
Deixa sem amparo, sem opção,
Vindos do barranco inseguro,
Desolados com a enchente
No inevitável viaduto?
Mães...Outras crianças...
Talvez agora órfãos...
É a outra janela, quem lamenta?
São dois Brasis:
Um que almoça, outro que espreita...
Um que embolsa, outro que aumenta!
Aqui, na paz deste teto,
Embora isso, nenhum apuro...
Estou feliz? Eu agradeço.
Sinto angústia, mas não frio.
Enquanto lá fora digo:
-Sabem, sou do Brasil...
-Oitava economia!
Aqui se bem pudesse diria,
Sem temer a cidade,
Os altos muros:
Boa Páscoa, irmãos!
E brindar vinho tinto
Com chocolate escuro!

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