quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Cidade pequena

Grande sol do Equador
Percorres os confins da Via Láctea,
Ainda assim não iluminas
De razão esta cidade.
Mal crescida, a paz já nos devora.
Monstro nos labirintos, desalento.
Revelas da aflição a face horrenda,
No pervertido triste olhar de tuas meninas,
Vendendo corpo débil agora aos bandos,
Ainda sem seios nas esquinas.
Enquanto ao lado desfila o desprezo
Da riqueza ilícita de cofre público,
Das fortunas do contrabando.

Chora pelas bordas, na praia,
O descaso a teus filhos
Por malditos de índole e de laia.
Chora tua vergonha e dor,
Por água suja que sempre aflora,
Como sangue infecto
Vertido de tuas veias.

Que falsos ilustres
Corações insinceros
Tramam em tuas teias!
Quem à opinião insulta e mascara
E desfigura tua geografia?
Quem tuas cartas avilta
E de tua terra se apropria?

Quem aliena tuas almas,
Monumenta o palácio
Pelo fausto disfarce dos lustres?
Quem te impõe iméritos espaços
Sem democracia?
Que política do passado e de agora
Vendeu pedaços de tua alma?
Que te fizeram dos rios, dos mangues,
Da vida, da paz, das praças,
Cidade pequena de ladrões?
Que verde te suprimiram de eterno!
Que bela máscara às pressas,
Esconde na orla
Teu sofrimento interno!

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