terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Temudjin

No mar de capim da esquecida Mongólia surge a lenda:
Abandonados pela tribo uma mãe como loba e filhotes.
Quem teria sobrevivido às tirânicas intempéries?
E por anos a fio,
Após cavalgar por geladas planícies,
Uniram os lobos azuis
A cólera do Pai Céu e Mãe Terra
Pelas tribos dispersas
E calaram os tártaros.
Foram felizes como crianças brincando,
O arco e o potro eram suas mãos e alma.
Ungidos pelo calor e o frio,
Implacáveis como o fogo.
Impetuosos como avalanche,
Velozes como o silvo de suas setas.
Dispararam arcos mortíferos,
Suplantaram montanhas e desertos.
Eí-los agora sobre vastidões intocadas
Dos seculares senhores de sua cizânia.
Uma a uma caíram suas cidades
Que as muralhas de Yensing*
Choraram de fome.
Tomaram mulheres
E espalharam sementes pela terra.
Pilharam o ouro e a seda.
Fizeram o diabo erguer o fumo
Sobre os horizontes.
Subjugaram as dinastias Jin e Song,
E nada sobraria se a humilhação não saciasse
Seus corações sedentos de sangue.
Esgotaram todas as direções
E cruzaram a neve.
Dobraram o Dnieper e assenhoram-se da Rússia.
Bateram os Bálcãs e cansaram-se de conquistas.
Por fim, estacaram o medo
Retirando as patas dos potros
Das portas do ocidente.
E nada ditaram ao escriba
Porque não havia escriba pra seus ditados.
Como que só o vento
Fosse-lhes o arauto aos nossos dias.

*Pequim

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