Jovem, muito jovem, Nos idos da vida, no início, Vim como sem sacrifício, Ao jovem tal lhe convém. Da esplanada a surpresa inicial. A estrutura destas vias circulando, Horizonte livre em torno guardando Ordenada arquitetura espacial. Surge no planalto destes confins, Onde cobre o cerrado as colinas, Irrigada por águas cristalinas. Uma cidade! Quem a pensaria assim? Fluídas inigualáveis visuais, Verdes tons que à vista contentam, Azuis de alvoradas que encantam, Crepúsculos assim jamais. Brasília é luz! Brasília é ar puro! Céu de estrelas em noites de lua cheia, Há quem duvide, mas há uma sereia, Doce canta às margens do lago escuro. Céu puríssimo azul claro ou anil, De paisagens bucólicas, De tardes lindas, púrpuras, frias, Onde Dom Bosco previu. Mas este céu assiste e sangra inteiro Por homens que do país o destino Foi confiado e está ao desatino, Salvo Ulisses, um guerreiro.
O ar não tem fronteira. O rio não tem fronteira. O mar não tem fronteira. O cosmo não tem fronteira. O sonho não tem fronteira.
De que valem estes marcos de pedra, Se muito além destas montanhas, Do ritmo destas vagas, Das copas desta selva, Deste rio já correm estas águas? E nele percorrem livres tantos peixes, Tanta vida, tanta vida... Que representam estes limites, Se do ar que respiro, Transforma-o em novo A pródiga natureza; E meu corpo alimenta sua vida, E sem ele inevitável sucumbe, E toda vida na terra expira E é o mesmo para todos?
Apenas é relevante ou existe O que já existia. O que não foi imposto Pela ganância ou pelo temor. Por que para muitos é invisível, Se alguns já vislumbraram? (“You may say that I’m a dreamer, But I’m not the only one”!)* A única fronteira é o limite Entre a sanidade e a loucura; Entre o milagre da vida E o vazio da morte. Esta angústia desfar-se-á em abraços Quando velas brancas, coloridas, Sinceros sorrisos e esperança Dos lugares mais longínquos Apontarem de todos os lados Ao horizonte desta utopia perseguida: O amor não tem fronteira! *John Lenon.
Por grotas secas e as pedras, Onde assola o seio da terra, O sol pára no céu e mira: Há um homem que espera.
Na orla, nos confins do agreste, Suga sua essência um poder medieval, A intempérie e a desgraça; Atrás deste brasileiro surge o nordeste.
Fizeram do discurso escola de trevas, A infâmia e a hipocrisia. Urda o tempo a promessa e a mentira E ao quinhão de terra que se adia, Há um homem que não se entrega.
Não canto porque o momento é triste. Não corro pelos canteiros, Pois do verso o gosto nem tão verdadeiro Do que era alegre está bem triste. Ter no mato o gosto de framboesa! Ora, quem não queria, Em belos versos dessa mesma poesia, Ter pensamento e autoria? Num insulto a vilania De indignação nos cobre, Como rapina torpe Dos versos de Cecília se apropria. Grande Cecília!Que versos!Uma fada! Sorrateiro como bicho de peçonha, Seus versos desfigura e de vergonha Vemos uma Cecília mutilada. Assim de poetas: Floberla; Lorca; de Patativa, sua Sina, Uma oportunista mazela Berra seus versos e assina. Impossível dos autores não saber Pois além fronteiras estão os versos E não há neste universo Quem não se indigne ao perceber. Pode um ser esclarecido ao sortilégio Querer se não indigno, O sucesso a qualquer custo se não maligno, Usar de baixo sacrilégio? Só a mente insana Ou de mau caráter possuída, Ousar de atitude vil, Abominável e infame. Será o único a não saber Que ato inescrupuloso É próprio ou mister De maldito ou criminoso? Se não bastante fora o plágio, Por essa e mais uma dor, Avilta a poesia o larápio Em voz terrível usurpador.